Parte de reportagem da BBC Brasil, feita por Fabrícia
Peixoto em 2010 (atualizado)
Frequentemente elogiado por ter um sistema político livre e por manter eleições diretas e
transparentes, o Brasil ainda precisa liquidar as diferenças sociais para se
tornar uma democracia “plena”, avaliam pesquisadores ouvidos pela BBC Brasil.
Passados 28
anos desde o fim do regime militar, o país não só amadureceu seu ambiente
político, com a ajuda da liberdade de expressão, como também conseguiu atingir
um grau de alternância no poder considerado satisfatório por organismos
internacionais.
Esses dois fatores,
aliados à participação direta de mais de 140 milhões de brasileiros a cada
eleição, coloca o Brasil na lista das grandes democracias do planeta.
Um sistema
perfeito, portanto? Não exatamente, na opinião de cientistas políticos. A
principal avaliação é de que o país conquistou um importante espaço como uma
“democracia eleitoral”, mas que ainda não conseguiu aplicar o conceito de
democracia em outras áreas.
“Avançamos
muito, não há dúvida. Mas o conceito de democracia, ao contrário do que muita
gente pensa, vai além do voto livre. Inclui também a participação efetiva do
cidadão em diversas outras esferas da sociedade”, diz José Álvaro Moisés,
professor do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo
(USP).
Como exemplo,
ele cita as “disparidades sociais” entre brancos e negros no Brasil, além da
falta de acesso do brasileiro a direitos básicos, como educação e saúde.
“Uma
democracia completa pressupõe a igualdade de oportunidades entre todos os
cidadãos. E é nesse sentido que o Brasil precisa evoluir”, diz.
Essa visão é
corroborada pelo professor de Ética e Filosofia Política da USP, Renato Janine
Ribeiro. Segundo ele, a desigualdade social é o “gargalo democrático” do país.
“Não dá para
diminuir a importância disso. O Brasil é, sim, uma democracia de escolha livre,
mas a participação dos cidadãos parece parar por aí”, diz.
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