Manifestantes lavam a Bandeira do Brasil durante a Marcha contra a Corrupção, em Brasília, 2011 (Marcello Casal/Agência Brasil) |
*Mauricio Alvarez da Silva
Estamos novamente em meio a um
turbilhão de escândalos públicos, o que tem sido uma situação constante desde a
época em que éramos uma simples colônia. Como diz o adágio popular vivemos na
“casa da mãe Joana”.
No entanto, a questão da
corrupção no Brasil é muito mais profunda. Acredito que apenas uma pequena parte
dos casos seja descoberta e venha a público. Imagino que grande parcela fique
escondida nas entranhas públicas. Temos a corrupção política, a corrupção de
servidores e de cidadãos desonestos. A corrupção sempre tem dois lados, um
corrompendo e outro sendo corrompido.
É nítido que a máquina pública
está comprometida. Desde criança escutamos falar sobre a tal da corrupção,
agora vemos, todo dia, ao vivo e a cores na TV.
Na esfera política houve e há
muito apadrinhamento para se obter a dita governabilidade. Não importa os
interesses da sociedade, desde que os interesses pessoais e partidários sejam
atendidos, com isso vem à briga pela distribuição de cargos públicos,
comissionamentos (nomeações de cargos) e outras benesses. Isto ocorre em todos
os níveis de governo (municipal, estadual e federal), afinal é preciso acomodar
todos os camaradas.
O exemplo mais recente da
corrupção política em nosso país é o escândalo do mensalão, que teve início em
2005 (oito anos atrás!) e somente agora está tendo um desfecho.
No âmbito administrativo temos um
carnaval de queixas, denúncia e escândalos. Somente para citar alguns exemplos:
a indústria de multas de trânsito em diversas cidades desvio de verbas através
de falsas ONGs, fiscais corruptos, licitações fraudulentas, entre tantas outras
situações que podem preencher um livro.
Se pararmos para pensar, no final
das contas, mesmo que inconscientemente, somos nós que financiamos toda essa
corrupção. Os corruptos visam o dinheiro público, que em última análise é o seu
dinheiro e o meu dinheiro, que disponibilizamos para a manutenção da sociedade.
Na medida em que os recursos
destinados a financiar hospitais, escolas, saneamento básico e outras
necessidades primárias são desviados, debaixo de nossos narizes, e não tomamos
qualquer atitude, também temos nossa parcela de culpa, por uma simples questão
de omissão.
Todo mês a arrecadação tributária
bate recordes, o governo encosta os contribuintes na parede e suga a maior
parcela dos seus recursos e tudo isso para quê? Para vermos que o nosso
dinheiro está sendo desviado, utilizado para manter um gigantesco cabide de
empregos, manter o inchaço da máquina pública ou aplicado em obras fúteis,
enfim, uma grande parcela escoando pelo ralo.
A cada dois reais desviados ou
desperdiçados é um litro de leite que está sendo tirado das crianças esfomeadas
deste país!
Ao longo dos anos fomos vencidos
pelo cansaço, nos tornamos um povo apático a tudo isto. Somos pacíficos, mas
não precisamos ser omissos. Em outros países por questões muito menores o povo
sai às ruas protestando e cobrando os seus direitos. Temos que limpar a administração
dos maus políticos e servidores públicos que mancham nossa imagem, afinal
carregamos a pecha de sermos uma sociedade corrupta.
Falta-nos esse poder de
mobilização e indignação, afinal quem manda neste país é o povo brasileiro, sua
vontade é soberana e cabe aos ocupantes dos cargos públicos nos representar e,
sobretudo, nos respeitar.
A situação pode, sim, ser mudada.
Desde que você e eu nos manifestemos abertamente, pois nossa manifestação,
quando multiplicada, gerará a necessária mudança da opinião pública sobre o
assunto. Sinta-se à vontade para utilizar ou compartilhar este artigo com seus
amigos e colegas, e peça-os para manifestarem também em blogs, twitters e
outros meios, enviando cópia para deputados, senadores e outras autoridades.
*Mauricio Alvarez da Silva é
Contabilista atuante na área de auditoria independente há mais de 15 anos, com
enfoque em controles internos, contabilidade e tributos, integra a equipe de
colaboradores do site Portal Tributário.