Artigo publicado pelo Deputado Estadual por Amazonas, Marcelo Ramos (PSB)
Políticos criam personagens para
a vida pública. São homens infalíveis, fortes e sem problemas. São homens sem
sentimentos, que não choram e não dão demonstrações de fraqueza. São homens que
não andam sozinhos, que não dirigem seus carros, que não vão ao supermercado.
Não falam sobre suas famílias, quando muito, tiram uma foto formal mostrando
uma família perfeita e em harmonia. São personagens frios e insensíveis,
cercados de um pequeno séquito de bajuladores e completamente desconectados da
realidade do dia a dia daqueles que representam.
Afastam-se o possível do povo
para não sentir as suas dores, para não olhar nos seus olhos, para não chorar o
seu choro. Estabelecem com a população uma relação tão formal quanto distante.
Sentem-se como se não fosse parte desse povo.
Seguem à risca um padrão de
comportamento ditado por uma visão elitista da política moldada por regras de
marketing que exigem um comportamento distante e uma relação formal com os seus
representados. Falam o que o povo quer ouvir sem se preocuparem com a verdade e
nem com os limites institucionais e orçamentários da sua atuação.
É contra esse padrão que me
levanto. Não criei um personagem para a política. Mostro-me na política como
sou na vida, com qualidades e defeitos, que não são poucos. Tento estabelecer
com as pessoas uma relação verdadeira e transparente.
Não sou de luxos ou de vaidades.
Penso que hábitos simples ajudam a manter os pés no chão, a não me deixar levar
pela soberba ou pelas tentações do poder, ajudam a não perder o elo necessário
com as pessoas que represento.
Alguns acham que me exponho muito
ou até que sou irresponsável com a minha segurança. Mas gosto e preciso ser
assim. Não mudo os hábitos que alimentam a minha alma e as minhas esperanças
por medo ou pra enquadrar-me num padrão de comportamento.
Só quero ser feliz e bem cumprir
meu dever como homem público. Só estou na política até onde ela me permitir ir,
sem desviar do meu caminho, que pode ser mais duro, mais arriscado, menos
confortável, mas, certamente é mais digno.
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