Há 25 anos, o Parlamento
brasileiro promulgava uma nova Constituição Federal que restaurava, legalmente,
a democracia no país. Com 315 artigos, sendo 245 permanentes e 70 provisórios,
a Carta tinha o objetivo de assegurar "o exercício dos direitos sociais e
individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a
igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade", segundo o
próprio texto. Conheça os episódios da história que marcaram a criação da
chamada "Constituição Cidadã".
A ditadura militar no Brasil já
demonstrava sinais de esgotamento quando o deputado federal Dante de Oliveira
apresentou a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) nº 5/1983, que propunha a alteração dos artigos 74 e 148 da Constituição
Federal de 1967, ou seja, a reintrodução das eleições diretas na política brasileira.
A PEC Dante de Oliveira, como
ficou conhecida, causou grande mobilização nacional. Passeatas se espalharam
por todo o país em apoio a ela, se transformando em um movimento
político-social que ficou conhecido como Diretas Já, sem precedentes na
história do Brasil. A maior das manifestações aconteceu em 25 de janeiro de
1984, dia do aniversário da cidade de São Paulo, e reuniu 1,5 milhões de
pessoas no Vale do Anhangabaú.
Apesar da comoção nacional em
torno das eleições diretas, o Congresso rejeitou a PEC Dante de Oliveira
durante votação em abril de 1984. As eleições do ano seguinte seriam feitas
indiretamente no Colégio Eleitoral. No entanto, uma aliança entre políticos da
situação e da oposição acabou elegendo o primeiro presidente civil, após duas
décadas de ditadura militar: o moderado Tancredo Neves (PMDB), que morreu antes
de tomar posse e teve como vice José Sarney.
Tancredo Neves morreu em 21 de
abril de 1985, antes de tomar posse como presidente da República. A missão de
conduzir o país no caminho da redemocratização ficou para seu vice-presidente,
José Sarney, que já havia sido presidente da Arena, partido da ditadura, e do
PDS, formado por antigos membros da Arena.
Sarney tomou posse interinamente
em março de 1985, quando Tancredo ainda estava internado, e assumiu a
Presidência logo após a morte do peemedebista. O novo presidente convocou para
o ano seguinte eleições gerais, o que fez crescer na sociedade o debate sobre a
necessidade de se elaborar uma nova constituição que substituísse a outorgada
pelos militares em 1967.
O primeiro passo para formação da
Assembleia Constituinte foi dado quando José Sarney enviou mensagem ao
Congresso Nacional convocando os parlamentares para elaboração de uma nova
Constituição.
Formada pelos deputados federais
e senadores eleitos diretamente em 1986, a Assembleia Constituinte foi criada
em 1º de fevereiro de 1987, composta por 559 congressistas que acumulavam as
funções parlamentares e as atividades de elaboração da nova Constituição.
A Assembleia Constituinte teve
como presidente o deputado federal Ulysses Guimarães (PMDB), que também
presidia naquela época a Câmara dos Deputados e o seu partido. Ele quase foi o
candidato à Presidência da República em 1985, em vez de Tancredo Neves. Anos
antes, em 1973, no auge da ditadura militar, ousou lançar uma candidatura
simbólica a presidente com o objetivo de denunciar a falsa ideia de democracia
apregoada pelos militares.
A nova Carta Magna, apelidada de
"Constituição Cidadã", foi promulgada em 5 de outubro de 1988,
durante sessão parlamentar presidida pelo deputado federal Ulysses Guimarães (PMDB).
"Declaro promulgada o
documento da liberdade, da democracia e da justiça social do Brasil",
afirmou Ulysses Guimarães, ao discursar durante o encerramento dos trabalhos da
Assembleia Constituinte. Ele teria dito, na ocasião, que a nova Constituição
não era perfeita, mas seria pioneira. "Não é a Constituição perfeita, mas
será útil, pioneira, desbravadora. Será luz, ainda que de lamparina, na noite
dos desgraçados. É caminhando que se abrem os caminhos. Ela vai caminhar e
abri-los. Será redentor o caminho que penetrar nos bolsões sujos, escuros e
ignorados da miséria".
A Constituição Federal de 1988
foi aprovada com 315 artigos, dos quais 245 eram disposições permanentes e 70
provisórias, sendo a sétima Carta Magna brasileira. Seus artigos foram
divididos em nove títulos. A primeira Emenda Constitucional foi aprovada em
março de 1992 e dispunha sobre a remuneração dos deputados estaduais e
vereadores. De lá para cá, já foram aprovadas 74 emendas.
A promulgação da nova Carta Magna
foi celebrada pelos brasileiros com evento na Esplanada dos Ministérios, em
Brasília.
É considerada uma
"Constituição Cidadã" pela grande quantidade de artigos voltados à
área social. Sua grande marca é a garantia dos direitos fundamentais e
individuais dos cidadãos, grande parte deles negados durante a vigência da
constituição anterior. Dentre os avanços expostos no novo documento estavam o
direito de escolher diretamente os governantes; liberdade de expressão; criação
do SUS (Sistema Único de Saúde); direto à aposentadoria e benefícios
trabalhistas; criação de leis específicas de proteção ao meio ambiente;
demarcação de terras indígenas, entre outros.
Fonte: UOL
Deputado Dante de Oliveira - Fonte: Folha de S. Paulo |
Ulysses Guimarães - Fonte: Agência Brasil |
José Sarney e Tancredo Neves - Fonte: Agência Brasil |
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