Fonte: Portal Ciência e Vida - UOL |
A opinião é do professor
Selvino Assmann, docente de Filosofia Política na Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC). RESUMO.
É errado dizer que todos os
políticos são eticamente maus, e que o cidadão é sempre passivo. O Brasil
enfrenta também uma crise na qual os Estados deixaram de ser tão importantes,
embora ainda sejam os "atores políticos por excelência". A
dificuldade na legitimidade do poder deve-se ao fato de a política ser
localizada e não globalizada, como a economia.
No entanto, tal atitude de políticos
não se torna correta ou legítima simplesmente porque a população age da mesma
forma. Como nem tudo o que é legal é moralmente correto, é importante entender
o que está acontecendo para evitar o julgamento imediato e dizer que toda a
política e todos os políticos são maus do ponto de vista ético e que o cidadão
é passivo ou bom em tudo o que faz.
A opinião pública expressa em
cada eleição é marcada pelo predomínio de interesses privados (do eleitor),
fazendo com que tenhamos políticos mais preocupados com interesses privados do
que com interesse público. É por isso que elegemos candidatos envolvidos em
escândalos e é por isso que os reelegemos. É uma constatação, não um juízo de
valor. Não se muda a política, portanto, sem mudar ao mesmo tempo a sociedade.
Um aspecto desta crise está no
fato de que a política é cada vez mais menosprezada em favor de nossos
interesses privados ou particulares, ou então, em favor dos nossos interesses
econômicos. Não há apenas uma crise de políticos, mas de política.
É lastimável que se pense em
mudar a legislação, alterar as regras gerais da política, quando aparece mais
um escândalo. As leis só são decisivas quando de fato se tornam leis, impedindo
as exceções, impedindo os privilégios, impedindo, portanto, a impunidade.
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