por Natália Yudenitsch
“Um, dois, três, quatro,
cinco, mil, queremos eleger o presidente do Brasil.” Foi com essas palavras de
ordem, sob a chuva que castigava a praça da Sé, que ganhou corpo a maior
manifestação política da história brasileira: a campanha pela eleição direta
para presidente, as Diretas Já. Difícil saber quantos participaram do comício
de 25 de janeiro de 1984. Um mar de gente, estimado em 300 mil pessoas. No
palanque, estavam o presidente do PT, Luiz Inácio da Silva, o senador Fernando
Henrique Cardoso e o governador Leonel Brizola, entre outros. Os artistas
também compareceram – Fafá de Belém, Gilberto Gil, Alceu Valença, Chico
Buarque, Regina Duarte e Fernanda Montenegro, para citar alguns. O governador
Franco Montoro, idealizador do comício, não se conteve diante da multidão: “Me
perguntaram se aqui estão 300 ou 400 mil pessoas. Mas a resposta é outra: aqui
estão presentes as esperanças de 130 milhões de brasileiros”.
O comício de São Paulo foi
decisivo porque engrossou a mobilização que depois levaria milhões de pessoas
às ruas de outras capitais. A campanha tinha nascido no ano anterior, assim
como a Proposta de Emenda Constitucional número 5, do deputado federal Dante de
Oliveira. Pela emenda, o presidente da República seria eleito por voto direto,
e não pelo Colégio Eleitoral – que reunia os congressistas e mais seis membros
da bancada majoritária em cada Assembléia
Legislativa. A iniciativa ganhou o apoio do grupo
oposicionista que incluía o senador Teotônio Vilela e o deputado Ulysses
Guimarães. O regime dava sinais de debilidade, mas daí a emplacar as Diretas Já
parecia um passo grande – como ficou provado no final.(...)
Fontes: Guia do Estudante
(2005) e revista "Aventuras na História - Para Viajar no Tempo" -
01/04/2005
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